Esperança de um futuro melhor

À medida que o ano chega ao fim, começamos a resumir o que fizemos, o que gostaríamos de ter feito diferente e que naturalmente projectamos para 2021.

Contudo, o ano em curso,  trouxe-nos algo que nunca imaginámos viver: desde o afastamento social, imposto para a não propagação do vírus, aos telejornais que todos os dias, como num cenário de guerra, nos relatam números sempre crescentes de infectados e de mortes por Covid, até ao facto de nada podermos planear sem que uma espécie de pânico nos assalte, porque foi abalada a nossa falta de humildade ao tentarmos planear o futuro.
Percebemos, alguns de nós, que nada somos e que a morte pode chegar de repente e ceifar ao acaso, pessoas mais vulneráveis e menos, mais idosas ou menos e tudo isto sem que nos possamos proteger a 100% de um inimigo que não conseguimos ver.

Neste momento e com a promessa de vacinas, vamos restabelecendo a esperança de que tudo volte a ser o que era. 

Pela primeira vez, a maior parte de nós nem pede mais, mas apenas o que tinha antes.

Gostava que a  humanidade tivesse aprendido algo sobre o que realmente importa, no entanto os anos já vividos tornam-nos mais cépticos  e os momentos mais difíceis , como estes que atravessamos, geram normalmente mais desarmonia, intolerância e pessoas ávidas de milagres e prontas a acreditar no que não devem, a avaliar mal, a desejar soluções extremas e perigosas para o futuro comum...

Mas se tivéssemos aprendido alguma coisa certamente gostaríamos de começar por repor os afectos: os apertos de mão, os abraços, os beijos. Começaríamos por querer voltar ao que antes dávamos por adquirido e que por esse mesmo motivo não valorizávamos devidamente.

Se tivéssemos aprendido alguma coisa, acariciaríamos o presente, pois entenderíamos todo o futuro como incerto. Valorizaríamos os momentos de confraternização em que não era preciso contarmos quantos éramos mas apenas o que nos unia.

Sem querer ser tétrico, até nos passaria pela cabeça que poder acompanhar os nossos entes queridos à sua última morada é melhor do que não o poder fazer.
 
Se aprendêssemos alguma coisa... seria em suma a sermos gratos pelo que já tivemos e vivemos e a que gostaríamos de voltar.

Faço votos de que renovemos em conjunto a esperança necessária para manter acesa a chama da positividade, do empreendedorismo, da criatividade e da resiliência.
 
Que até tudo se restabelecer, sejamos capazes de voltar a acreditar que o Mundo um dia poderá tornar-se um lugar melhor porque é habitado por seres mais humanos e mais conscientes da dádiva que é afinal a vida, que se manifesta de tantas maneiras e credos diferentes, em que o respeito e a defesa dos mais fracos deverá tornar-se  o nirvana que procuramos atingir.

É agora o tempo da fraternidade para com o outro, tempo de Natal e de Ano Novo. Tempo de votos e desejos de um tempo melhor. Tempo de meditação e de mudança.
 
Que os corações acertem o passo, porque o que esta Pandemia nos ensinou é que somos irmãos e que o mal de um afecta o outro e o outro até chegar a nós.

Que venha 2021 e nos encontre mais fortes e unidos.

António José Henriques